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Famílias de origem portuguesa isoladas no sertão baiano. 

Povoado de Mato Gross/ Rio de Contas-Ba. Comunidade agrícola de org. familiar de origem portuguesa a quatro séculos no sertão

É a comunidade de Mato Grosso, situada ao norte da sede Rio de Contas, a 18 km no alto sertão da Chapada Diamantina. Compreende áreas recobertas de caatinga e chapadas elevadas com vegetação do tipo gerais, onde o clima é ameno sob uma temperatura que varia de 10.ºc a 32.o c. Numa altitude de 1450m.

O acesso é feito por uma antiga trilha que hoje virou uma pitoresca estrada, parcialmente pavimentada em lajões de pedras, muito mal conservada. A vila tem entre 600 e 800 casas térreas, as quais mantém suas antigas características arquitetônicas. Apesar de se encontrar num vale, as casas foram construídas perpendicular ao leito de uma serra, cortada por pequenos planaltos de forma que a gravidade facilita todas as tarefas do cotidiano.

LONGA TRAJETORIA

A comunidade de Mato Grosso surgiu no final do século XVII, mais precisamente em 1710 o bandeirante Sebastião Pinheiro Raposo descobriu lavras de ouro. As famílias portuguesas Mafra, Silva e Lima, que vieram para antiga colônia portuguesa em busca de riquezas, subiram o leito do Rio de Contas a partir do litoral de Itacaré, numa viagem de aventuras que na época durava meses, até chegar ao Rio Brumado.

Por influência das lavras, se transferiram para o norte,que por muitos anos fora um garimpo promissor. As famílias portuguesas, aclimatadas, pois a temperatura que mais se aproximava da sua região de origem, Mafra em Portugal, resolveram ali permanecer. Em 1718, com a construção da Igreja de Santo Antonio, pelos jesuítas, a sede foi elevada a primeira Freguesia do Sertão de Cima.

DECADÊNCIA

Por volta de 1800, o ouro caiu de produção e com a descoberta de outros garimpos de diamante e ouro no Mucugê, Lençóis e Jacobina, houve êxodo de garimpeiros. Ao longo destes quatro séculos as famílias portuguesas se isolaram de todos, passando de geração a geração casando entre famílias do mesmo grupo étnico, formando um estereotipo onde a maioria dos habitantes tem em comum os traços ligados a altura, rosto, orelhas salientes e nariz , ficando famosos como a comunidade dos brancos.

A marca que realmente identifica esta comunidade é a união das famílias, que realizam os trabalhos agrícolas entre si, por meio da mão de obra familiar, transformando se em uma sociedade agrícola , um exemplo de organização em pleno esteio jacobinense.

ADAPTAÇÃO

A principio com os costumes que trouxeram de Mafra, com a primeira geração, plantavam trigo, arroz e cevada para complementar a cesta de sustento. Ao longo do tempo, a cada geração, as famílias foram se adaptando às culturas regionais e a demanda do mercado que absorvia o excedente da produção de Mato Grosso. Uma comunidade agrícola, cercada por cafezais, pomares e hortas, onde aproveitam um palmo de terra dos quintais para plantar verduras e frutas, transformando o meio urbano numa paisagem especial. As rochas que são abundantes servem para fazer as divisões de áreas assim como para fazer o calçamento das ruas e construções. Apesar da comunidade produzir de tudo, ainda está longe da auto-suficiência, o excedente da produção, é vendido para completar a necessidade de cada família.

CAFÉ

A base econômica é a cultura do café catuí, espécie que não fica muito grande e facilita a colheita, seguida de legumes e frutas que chegam a sair dentre dois a três caminhões semanais para os mercados de outras praças. Na época da colheita do café a mão de obra familiar ficar limitada, assim contrata-se mão de obra das comunidades de baixo que são as vilas de negros do Bananal e Barra que tem uma semelhança com a história do povo de Mato Grosso.

REISADOS

O orgulho dos habitantes da vila é a Igreja de Santo Antônio, construída no século XVII pelos jesuítas e que hoje é palco da festa de Santo Antônio e reisado, quando a comunidade se une em leilão de objetos de valores estimativos para arrecadar fundos de despesas das festas. O feito mais recente foi a eleição de um vereador (Gervásio Mafra), e do vice-prefeito de Rio de Contas (Jonas Mafra), 660 eleitores, demonstrando que mesmo com o tempo a união dos moradores continua firme. A mais recente geração começou a sair da vila em busca de melhores estudos e a explorar outro universo, além dos muros de pedras e dos picos e com isto o surgimento de novas relações, provocando uma renovação genética, mas é muito difícil não encontrar a marca de uma das três famílias, pela região do sertão alto e baixo da Chapada, Mafra, Silva e Lima.

Característica do povo que sempre viveu numa comunidade fechada, casando entre parentes

Povoado de Mato Gross/ Rio de Contas-Ba. Comunidade agrícola de org. familiar de origem portuguesa a quatro séculos no sertão

Mato Grosso/BA - O Rio Brumado

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